Abramos Espaço Pra Ganância.

Quando a cooperação entre as pessoas der lugar à ganância e à ambição desvairada, entraremos em uma guerra sem fim.

Esta semana, bem depois do lançamento de Avatar eu fui ver o filme. E acho que, muito provavelmente James Cameron conseguirá, com muito louvor ter dois filmes seus entre os dois mais vistos de todos os tempos. MAS, deixando os espetáculos de bilheteria, a tecnologia e os grandes efeitos especiais de lado, Avatar tem muito mais lições para ensinar.

Em Avatar, o planeta Terra está acabando pela exploração industrial do homem. A exploração que levou o homem  a buscar, dentro e fora do planeta mais dinheiro, mais inovação, mais maneiras de criar dinheiro, produzir energia e, assim destruir raças, lares e famílias.

O personagem de Jake diz, no final do filme que a ganancia destruiu seu planeta, que não existem mais verdes, que o ar é rarefeito e que, famílias foram dizimadas dando lugar ao progresso humano. Ao progresso, à ganância e à evolução. Isso mesmo. Cansado de acabar com os recursos do nosso planeta, o homem foi pra fora de nosso sistema solar procurar por alguma coisa que possa ser trocada por dinheiro.

E encontram. Encontram Pandora. Um lugar que, fica aproximadamente há seis anos de distância da Terra, ou seja, muito longe. Mas, como não há limites para ganância, a civilização quer fazer o mesmo que fez consigo mesmo com a raça dos outros.

Neste momento, Avatar é um convite à reflexão. A poluição está tomando conta do nosso ar e, como prova disso temos países pensando em meio ambiente, depois de quase não haver mais volta. Protocolos de Kyoto para não poluição, encontros sobre meio ambiente, grupos ambientais e muitas manifestações estão mostrando o que permitimos fazer com nosso país.

Permitimos que, por economia de gastos, por facilidade, por ganância, empresas jogassem lixo nos rios, tintas e solventes no lençol freático, monóxido e dióxido de carbono na atmosfera e devastassem florestas acabando com nossas fontes de renovação de oxigênio. Fora a poluição lançada por indústrias nos céus das grandes cidades que, a exemplo da China, faz com que todos os dias se pareçam com dias nublados.

O progresso, muitas vezes é uma obsessão sem limites. Isso porque, é muito mais fácil acabar com florestas para colher madeira ilegal, muito mais fácil soltar gases poluentes na atmosfera do que praticar o reflorestamento, instalar válvulas para o controle e instalar ISOs que tornam tudo mais caro.

MAS, infelizmente continuamos não aprendendo. Mas, a natureza tem sido gentil em avisar muitas vezes. MUITAS. Ela está mostrando que, quando machucamos ela, as coisas acabam se voltando contra nós mesmos. Desastre em Angra dos Reis, nesse início de ano, a tragédia no Haiti, as chuvas em Santa Catarina, no ano passado. Tudo isso é reflexo do que a ganância humana produziu durante os anos passados.

E, quando pensamos apenas em dinheiro, natureza, pessoas e limites não são o suficiente para nos satisfazermos. E é isso que acontece em Avatar. A raça humana, se julgando superior, que doutrinar os habitantes desse planeta com a cultura ocidental para que assim os mesmos cedam suas riquezas que valem milhares de bilhares de dólares.

Isso, porque uma pedrinha deste lugar é capaz de gerar mais energia do que qualquer coisa antes vista. MAS, como convencer um povo que não se conhece e que não precisa de nada que temos a desocupar sua casa, seu planeta para que nós cheguemos lá e devastemos, novamente ele.

Como nos aproximarmos de uma cultura que não conhecemos e ganhamos a sua confiança para então celebrarmos um acordo para que consigamos o que queremos. Como chegar no território de uma povoação e convencê-los que queremos comprar uma coisa que eles têm, se eles nem ao menos dão valor ao nosso dinheiro. Como comprar alguma coisa de alguém que não quer dinheiro? Como trocar alguma coisa com alguém se essas pessoas não querem nada do que podemos dar?

Apenas convivendo com essas pessoas para saber os seus desejos, as suas crenças, e estando entre eles para saber o que motiva as suas vidas, quais são suas tradições e ao que eles dão valor. Pensando nisso, o exército americado criou os pilotos de avatares.

Os avatares são réplicas similares dos habitantes de Pandora. A tecnologia humanda conseguiu reproduzir réplicas perfeitas dos habitantes daquele planeta distante e, através da tecnologia, conectar essas criaturas com a atividade cerebral de cientistas – os pilotos de avatar.

Para o negócio ficar ainda melhor, os pilotos recebiam aulas do dialeto local, para que conseguissem se comunicar melhor e para que os Na’vis (a população de Pandora) fossem receptivos com os humanos e nos recebessem entre eles para “negociar”.

E aí começa a grande lição de Avatar.

O que fazer quando paramos de acreditar naquilo em que fomos criados? Para onde ir quando tudo perde o sentido e, as coisas que fizemos até agora perdem o sentido? Por onde começar quando as pessoas ao nosso redor não conseguem enxergar além da ganância?

Os seres humanos acreditavam que o povo de Pandora, os Na’vi, podem desistir de sua terra por dinheiro, por uma sociedade, ou por favores, pelo conhecimento científico, ou por qualquer outra coisa que conhecemos e que pudéssemos ceder.

Ledo engano. O povo de Pandora vive como uma tribo indígena e, interagem entre si e entre a natureza. Ao invés de aprender conosco, temos muito mais a aprender com eles.

Temos que aprender o amor ao nosso lar. Temos que aprender a admirar o nosso planeta, a respeitá-lo e a ter uma conexão com ele. Temos que aprender a sermos um bom exemplo para a nossa tribo. Temos que aprender que só temos esta casa e, se acabarmos com ela, não teremos onde ficar. Temos que aprender a respeitar o próximo, tratá-los como irmãos, como pessoas e, como tal, respeitarmos suas opiniões e entender que, ninguém é obrigado a compartilhar da mesma opinião.

Nós temos que aprender. Os Na’vi já sabem de tudo isso. Eles têm uma conexão com a sua terra, com os seus semelhantes, com os animais, com a beleza de seu planeta. Eles têm uma conexão com a família, com os antepassados.

E o que acontece quando nossa crença vai por água abaixo?

Para os americanos, a única forma de conseguir unobtainium era a cooperação dos Na’vis. Ou o extermínio de todos eles. E, para isso o exército estava lá. Estava lá para assegurar que, caso os pilotos de avatar não tivessem êxito, eles pudessem agir de uma outra maneira. E Jake era o encarregado de convencer os Na’vis.

Jake era um fuzileiro naval, antes de ficar paraplégico. O seu irmão era um cientista que, ajudou a idealizar os avatares. Quando morreu, Jake, por ser gêmeo era o único substituto do avatar do irmão. MAS, ele era fuzileiro, e não cientista. E esta foi a maneira com que o chefe da segurança deu a Jake Sully a sua tarefa com o avatar: entrar no meio dos Na’vi e convencê-los em cooperar, da forma que fosse precisa.

E Jake iniciou a sua missão. E a levou a sério. Ele entrou na tribo, ganhou a confiança do povo, foi aceito como membro dos Na’vis e com isso mergulhou na cultura do povo, conhecendo no que acreditam, conhecendo como vivem, conhecendo a beleza do planeta, conhecendo o amor, conhecendo a liberdade e os desafios.

E ele foi vendo que os Na’vis não precisavam dos americanos. E viu como o planeta era importante para seus habitantes. Havia uma conexão entre as pessoas e o planeta. Tudo era especial e, uma vez que existe uma ligação entre todos os Na’vis, seus antepassados e a história de seu povo.

E viu que o que a raça humana estava querendo fazer com os habitantes desse planeta era injusto. Era cruel expulsar um povo de um lugar que era seu. Era injusto obrigar as pessoas a sairem de suas casas. Era cruel, era arrogante e, principalmente ganancioso. Fazer com que as pessoas desistissem de sua história, sua cultura, sua vida apenas por um capricho humano e ganancioso.

Nunca é tarde para mudar de lado. Principalmente quando mudamos para o lado certo. E, mais importante do que mudar de lado é lutar do lado certo, lutar pela liberdade, lutar pela nossa casa, lutar pelas nossas crenças de harmonia e paz. Lutar pelo nosso planeta, pelos nossos semelhantes e por tudo aquilo que acreditamos.

Não é tarde, nunca, para enxergarmos que, muitas vezes, estamos do lado errado. Estamos tão envolvidos que achamos que estamos fazendo o bem para todos. E precisamos de reflexão e de ver as coisas pela ótica dos outros para saber se estamos do lado certo do jogo.

E o mais importante disso tudo é que, não importa se estamos descumprindo ordens superiores ou estamos agindo dentro da cartilha. O que interessa é se estamos bem com o que estamos fazendo.

E é essa a lição de Avatar.

Precisamos sempre de uma pausa em nosso trabalho para reflexão. Reflexão porque muitas vezes o trabalho duro nos tira o foco, nos tira o objetivo e nos distancia de nossas metas. Reflexão porque, quando apenas obedecemos ordens, acabamos passando por cima de nossas próprias vontades. Reflexão, porque sempre é tempo de desatar os nós de coisas que não ficaram resolvidas. Reflexão porque, talvez ainda não seja tarde demais para mudar de time.

A reflexão é a única virtude que nos permite avaliar a nossa conduta. Podemos saber, através da reflexão, se estamos fazendo a coisa certa, se estamos entregando o que nos pediram, se estamos trabalhando dentro do prazo, se estamos sendo bem sucedidos, se estamos progredindo, ou se estamos fazendo a coisa certa.

E nunca é tarde para refletir. Nunca é tarde para aprender que, não podemos forçar pessoas pelo nosso próprio capricho. Não podemos simplesmente ordenar que as pessoas abandonem a sua residência porque queremos uma coisa que elas têm.

Não podemos deixar que a covardia e a ganância guie nosso comportamento. Não podemos e não temos esse direito. E para isso serve a reflexão. Para saber a hora de parar. A hora de começar. A hora de lutar. A hora de agir.

E é essa a grande lição que podemos tirar de Avatar. Não interessa se em Pandora, no Brasil, nos EUA ou no seu emprego, não temos o direito de passar por cima das pessoas. Não podemos nos dar ao capricho de lutar do lado errado. Temos que nos permitir errar. MAS, perceber o erro a tempo, aprender com ele e consertá-lo é a única coisa que podemos fazer para resolver as coisas.

Que a reflexão seja uma virtude presente em nosso dia-a-dia. E que tenhamos sabedoria para utilizá-la e seguir os seus avisos.

No final do jogo, mais importante de quantos gols marcamos é saber se estamos jogando do lado certo.

Acorda!! Tá na hora de mudar o mundo…

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Artigo Escrito por Enrico Cardoso. Sou apenas mais uma ovelha negra. Tenho procurado rasgar as teorias de negócios e substituí-las pela AÇÃO. Acredito no empreendedorismo na prática e, sempre procuro estudar e escrever sobre isso. Sou totalmente apaixonado pelos temas empreendedorismo e inovação e, são estes temas que me provocam sempre a fazer diferente e a me desafiar ainda mais a cada dia. Sou escritor, editor do blog Think)Outside, o qual venho mantendo atualizado diariamente com temas ousados que nos fazem pensar e que inspiram a inovação. Sou também colaborador dos blogs Administrando, SuperEmpreendedores e Evolubit.

  1. É verdade meu caro mestre!
    Boa pedida: REFLEXÃO!

    Esta é a chave; precisamos entender que foco, e trabalho são importantes, mas, se forem prioritários, ou pior, se forem a única prioridade, automaticamente caminharemos para a sede de ter mais, para a GANÂNCIA.
    Reflexão para conseguir manter distância nessa linha tênue que separa o bom profissional do profissional super-dedicado/ganância.

    MarVin
    Reforma humanitária já! Por uma vida menos pretenciosa e menos luxuosa, mas, MUITO mais saudável e sustentável!

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